Referência em medicina de alta complexidade no Estado do Maranhão, o Hospital São Domingos (HSD) realizou na sexta-feira (17), a primeira cirurgia robótica do estado. O procedimento foi realizado com o robô Da Vinci Xi. O Hospital São Domingos é o único do Maranhão a adquirir o modelo mais avançado do mundo, a quarta geração do Sistema Cirúrgico Da Vinci.
O cirurgião é responsável por executar todas as ações do robô. Para conduzir a máquina, o médico, após intenso treinamento, está apto a usar o robô em cirurgias minimamente invasivas. O processo de habilitação para uso da plataforma robótica leva centenas de horas no simulador, além de testes teóricos e práticos. O Da Vinci Xi pode fazer de três a cinco procedimentos por dia, dependendo da complexidade do caso.
O cirurgião bariátrico do Hospital São Domingos, Dr. Roclides Lima explica que, em nenhum momento da cirurgia, o robô será autônomo. “Todos os movimentos serão feitos ‘através da plataforma robótica’, com controle do cirurgião durante o procedimento. É muito importante frisar essa informação. O Sistema Cirúrgico Da Vinci Xi é uma tecnologia em que o cirurgião usa a plataforma para realizar a cirurgia. Toda a ação feita pela máquina é conduzida pelo médico”, explica o médico.
A Coordenação do Programa de Cirurgia Robótica do Hospital São Domingos foi a responsável por preparar o Da Vinci Xi. A equipe inicial é composta pelos urologistas Dr. José de Ribamar Rodrigues Calixto e Dr. Giuliano Lopes de Moura; e pelos cirurgiões do Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital São Domingos, Dr. Roclides Castro de Lima e Dr. José Aparecido Valadão. Em breve, o programa receberá o reforço de cirurgiões gerais, oncológicos, ginecológicos e outros profissionais que estão em processo de treinamento e certificação. A equipe tem a gestão dos médicos Dr. Claudio Carneiro, diretor médico do HSD, e Dr. Manoel Lages, diretor clínico do HSD.
O Sistema Cirúrgico Da Vinci está presente somente em mais 13 estados brasileiros. No Nordeste, os estados que possuem essa tecnologia são Ceará, Pernambuco, Bahia, Sergipe e, agora, o Maranhão, com o modelo mais avançado do mundo. A plataforma robótica pode realizar cirurgias gerais, do aparelho digestivo, ginecológicas, urológicas, oncológicas, torácicas e outras, podendo executar diversos movimentos, com giros de até 540°.
A principal vantagem do robô é oferecer ao cirurgião uma visão com alta definição, com uma maior noção de profundidade, o que evita lesões e garante melhor manipulação dos tecidos, menos sangramentos e recuperação mais rápida do paciente. Além disso, é especialmente útil na realização de cirurgias de longa duração, diminuindo o cansaço físico e mental do médico cirurgião.
Os benefícios da cirurgia robótica para o paciente
- - Precisão de movimentos
- - Menores incisões e melhor qualidade na análise dos tecidos
- - Menor tempo de internação hospitalar
- - Alto nível de segurança
- - Menos dor, sangramento e desconforto no pós-operatório
- - Menor risco de infecção
- - Menor índice de complicações pós-cirúrgicas
- - Recuperação mais rápida
A cirurgia
A primeira cirurgia com o Da Vinci Xi foi urológica, realizada pelos cirurgiões o Dr. José de Ribamar Rodrigues Calixto e Dr. Giuliano Lopes de Moura. Todos os profissionais que fizeram parte desde momento como enfermeiros, anestesistas e equipe de apoio, incluindo a engenharia clínica tiveram treinamento específico para este tipo de cirurgia. Dessa forma, eles estão altamente aptos a prestar toda a assistência técnica necessária na cirurgia robótica.
“Nossas expectativas são as melhores e estamos ansiosos para oferecer essa tecnologia para a população. Antes do Hospital São Domingos prestar esse serviço, o paciente precisava viajar para outros estados à procura do tratamento. Agora ele pode fazer o tratamento aqui, no nosso estado, próximo da família, evitando desgastes físicos, emocionais e financeiros. Sua recuperação com a cirurgia robótica será mais rápida e o retorno à sua rotina com saúde é nosso maior desejo”, pontua Dr. Roclides Lima.
Participaram do procedimento inédito no Maranhão: os cirurgiões Dr. José de Ribamar Calixto; Dr. Giuliano Lopes de Moura; Dr. Sérgio Moura; Dr. Roclides Lima; o coordenador do Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Português (PE), Dr. Clovis Fraga, e os anestesistas Dr. Caio Márcio e Dr. Chrystiano Arraes.
Na equipe multiprofissional, o trabalho foi desenvolvido pelas enfermeiras Laís Aragão, Mara Ellen e Walthais Costa; as técnicas de enfermagem Cleidiane de Cassia e Cristina da Silva e o técnico Washington Henrique; a técnica em eletrônica da equipe de Engenheira Clínica do HSD, Soraia Lopes e a instrutora de treinamento da empresa H. Strattner, Ana Tereza Mendes. Toda a equipe atuou sob a supervisão da coordenadora do Centro Cirúrgico do HSD, enfermeira Madalena Pires.
O Da Vinci Xi
Denominado oficialmente em inglês por The da Vinci Surgical System, o robô tem quatro braços, semelhante a um polvo. Um dos membros possui uma câmera, enquanto os outros três ficam livres para portar pinças, tesouras e bisturis. O médico cirurgião fica em uma mesa de controle e visualiza pela câmera os espaços e cavidades dentro do corpo do paciente. À medida em que o médico move as mãos e os dedos, o robô reproduz seus movimentos.
A cirurgia robótica surgiu nos Estados Unidos, em 1995, e constantemente o robô vem sendo atualizado. Já são mais de 4.500 máquinas em uso no mundo. No Brasil, já existem 64, incluindo a adquirida pelo Hospital São Domingos. Só no Brasil já foram realizadas mais de 37 mil cirurgias robóticas e os resultados são excelentes.