Medicina Hiperbárica

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Uso da pele de tilápia no tratamento de queimaduras é tema de palestra no HSD

O assunto foi abordado pelo cirurgião plástico, Dr. Edmar Maciel, que compõe a equipe da pesquisa no Ceará.
ESD
Equipe São Domingos - Equipe São Domingos Atualizado em 07/07/2017

A pele da Tilápia do Nilo (Oreochromisniloticus) tem sido utilizada, com sucesso, por médicos para cicatrização de feridas e queimaduras. A descoberta do poder cicatrizante desse peixe, que tem os rios como habitat e é abundante no Maranhão, tem ajudado, muitos pacientes no Ceará  e em outros estados  a se recuperarem, mesmo aqueles com queimaduras de terceiro grau, caracterizadas pela perda total da pele. E em breve estará sendo utilizada no Maranhão em mais uma ação pioneira do Hospital São Domingos (HSD).

O primeiro passo foi conhecer detalhadamente o estudo sobre o uso da pele da tilápia para cicatrização de feridas e queimaduras cujas informações foram repassadas, em palestra realizada no HSD, à equipe médica do hospital e a estudantes, pelo cirurgião plástico, especialista em queimaduras, Dr. Edmar Maciel, que compõe a equipe da pesquisa no Ceará.

O cirurgião explica que a ideia partiu do cirurgião plástico Marcelo Borges, de Pernambuco, que o procurou e prontamente ele visualizou a importância do estudo para a Medicina e a sociedade. O estudo é desenvolvido na Universidade Federal do Ceará e no Instituto José Frota (hospital público de Fortaleza, referência em tratamento de queimados no Norte/Nordeste), desde a fase pré-clínica (laboratorial) até os testes em humanos.

“Desde a fase da pesquisa em laboratório, descobrimos que a pele da tilápia tem uma quantidade de colágeno tipo 1, que é uma proteína importantíssima na cicatrização, além de ser muito resistente e ter bom grau de umidade e aderência”, explica Edmar Maciel. Ele afirma ainda que, nos estudos comparativos com outras peles animais, a da tilápia é a que mais se mostrou eficaz no processo de cicatrização de forma mais rápida.

Ação

Segundo o cirurgião, a pele da tilápia adere à ferida, tampando-a e evitando a contaminação de fora para dentro e ainda que o paciente perca líquidos. “Como ela adere à ferida durante todo o processo de cicatrização, não é realizada a remoção da pele do paciente para fazer os curativos, como ocorre no tratamento convencional, o que é bastante doloroso e desconfortável”, complementa Edmar Maciel.   

O cirurgião destaca que 99% da pele da tilápia é desperdiçada no Brasil. O 1% é utilizado para fabricação de produtos artesanais, como bolsas, cintos e sapatos. “Temos uma produção de tilápia em abundância no país, principalmente no Nordeste, e agora, a pele desse animal passou a ter nova utilização, que é o tratamento das queimaduras”, afirma. 

Ele diz que todo o processo segue as normas do Código de Ética Médica e que antes de ser utilizada no paciente, a pele da tilápia passa por um processo de desinfecção e radioesterilização, oferecendo, assim, maior segurança.

Disponibilidade

O estudo já está em fase final e com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Falta a escolha das indústrias que irão comercializar as peles, o que deve ocorrer até o final deste ano. Atualmente, a pele da tilápia vem sendo utilizada em hospitais que integram o estudo, chamados de multicentros, alguns localizados no Ceará, Rio de Janeiro, Goiânia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e em breve, estará sendo utilizado no Maranhão, no Hospital São Domingos.

Para o cirurgião plástico do HSD, Dr. Alberto Miranda, o estudo é de extrema relevância por isso o Hospital São Domingos se interessou em conhecê-lo, contribuindo para disseminá-lo e oferecer aos seus pacientes. “É uma pesquisa que traz grande contribuição para a sociedade médica e para toda a sociedade em geral. Como São Luís não conta com um centro especializado no tratamento de queimados, o Hospital São Domingos dá mais essa contribuição trazendo esse revolucionário tratamento para seus pacientes. Sem dúvida, essa pesquisa traz uma grande contribuição para o mundo”, afirma.

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