A tecnologia a favor do tratamento de doenças crônicas e de difícil cicatrização. Estas são as principais indicações de uso da Câmara Hiperbárica, cujo tratamento é feito por meio da Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB), modalidade terapêutica onde o paciente é submetido à inalação de oxigênio puro. O equipamento foi adquirido pelo Hospital São Domingos, que é pioneiro em oferecer o tratamento no Maranhão. A unidade de saúde equipou uma ala de Medicina Hiperbárica e já atende uma demanda de quatro pacientes por dia. “Esta terapia é um complemento a tratamentos de doenças crônicas, afecções da pele e ósseas. O diferencial é que o problema é tratado de forma mais rápida e completa”, explica o terapeuta intensivista e especialista em Medicina Hiperbárica Rodrigo Azevedo.
A Câmara Hiperbárica adquirida pelo Hospital São Domingos é individual, chamada “monoplace” e tem capacidade para atender até quatro pacientes por dia. A previsão é que o hospital adquira mais quatro câmaras para atender à demanda que procura pelo tratamento. “Quando passarmos a seis pacientes por dia, precisaremos de outro equipamento. E o que vemos é a grande procura, e teremos esse aumento no uso da terapia”, observa o médico. A ala de Medicina Hiperbárica comporta quatros equipamentos e possui ainda o espaço para consultas.
A Medicina Hiperbárica trata lesões crônicas (pré-diabetes, infecções subcutâneas, feridas de difícil cicatrização, úlcera vascular, entre outros); doenças de mergulhadores, a chamada descompressiva; infecções ósseas (osteomatites); e casos de traumas nos membros. No tratamento, o paciente é colocado dentro da câmara, mas tem visão de toda a movimentação, inclusive, pode assistir à televisão e comunicar-se com o médico por meio de um terminal acoplado à máquina. “Na primeira sessão, há certo receio, mas, ao saber da segurança do equipamento, alguns pacientes ainda brincam com a equipe e pedem até para mudar de canal”, diz Rodrigo Azevedo.
A Câmara Hiperbárica funciona com o reforço de duas baterias de alta potência, cuja vida útil é de duas horas – tempo maior que o indicado em cada sessão, portanto, garantindo que não haverá interrupção. O hospital também mantém um gerador que atua em apoio ao sistema da Hiperbárica, em caso de queda de energia. A vida útil do aparelho, em alguns casos, ultrapassa os 30 anos. A Câmara adquirida pelo Hospital São Domingos veio de São Paulo e, para as manutenções, a unidade de saúde mantém uma equipe de engenharia especializada.
Indicações - Há indicação de utilização da oxigenioterapia hiperbárica no tratamento de doenças descompressivas (relacionadas ao mergulho); embolia arterial gasosa (por mergulho, iatrogênica ou idiopática); deiscências e complicações de cirurgias, pancreatites e isquemias pós-transplantes; traumas com lesões por isquemia-reperfusão, com infecção secundária ou com abrasões; infecções de partes moles, como erisipelas, celulites e fasciites necrosantes, feridas refratárias (de difícil cicatrização); enxertos ou retalhos comprometidos; doenças arteriais obstrutivas e vasculites, doenças venosas e linfáticas, osteomielites e infecções em próteses, necrose asséptica de fêmur; queimaduras; lesões actínicas (originadas pela exposição à radiação ionizantes); e infecções odontológicas.
Cicatrização difícil da pele
A Medicina Hiperbárica é um tratamento de alta complexidade, que utiliza a oxigenoterapia para tratar diversas infecções e lesões de difícil cicatrização da pele. São vários os estudos realizados mundialmente, nos últimos 40 anos, que comprovam a eficácia da Oxigenioterapia Hiperbárica (OHB) como ferramenta do tratamento médico. Os estudos afirmam que, entre outros efeitos, a terapia propicia o retorno dos fibroblastos a suas funções normais. Isso culmina com a aceleração de cicatrizações, melhora a qualidade da osteogênese e dos tecidos de granulação e combate de forma mais eficaz as infecções. Os estudos apontam que a OHB atua também de maneira sinérgica com alguns antibióticos aumentando a eficácia destes. A OHB pode auxiliar a reduzir ou até mesmo evitar procedimentos cirúrgicos mutilantes e excessivos, proporcionando uma recuperação mais rápida e com melhores resultados clínicos.
SAIBA MAIS
O paciente que apresenta as doenças indicadas ao tratamento se submete à inalação de oxigênio puro – a 100% – e pressurizado. Dessa forma, há o aumento da qualidade do oxigênio que vai ao sangue, a 20 vezes mais. “Isso, por se tratar de oxigênio puro e pressurizado”, observa o médico. O resultado da ação desse oxigênio puro é a cicatrização rápida, pois há a geração de novas células.
O oxigênio, quando administrado sob pressão, funciona como um medicamento. Uma vez melhor oxigenadas, as células chamadas fibroblastos voltam a ter a sua função normalizada, com consequente estímulo na formação de novos capilares sanguíneos, aumento da ação bactericida e bacteriostática dos antibióticos, e formação de células responsáveis pela estrutura da pele. “Há feridas que nunca saram ou de difícil cicatrização, no caso de diabéticos, por exemplo. Com o tratamento, em dois meses, ele pode ter curada a ferida”, garante o médico.
A pressurização da Câmara é semelhante a um mergulho de 12 metros de profundidade. Há as normas de segurança que devem ser respeitadas. Dentre elas, uma das principais é não levar objeto algum para dentro da câmara. “Todas essas normas são oportuna e detalhadamente explicadas para os pacientes e seus acompanhantes antes da primeira sessão”, ressalta Rodrigo Azevedo.
O paciente é informado sobre o tratamento e sobre o equipamento e orientado a realizar exercícios de respiração para se familiarizar com a pressurização do equipamento. “É como quando você está no avião e há aquela pressão comum causada quando há o vôo”, compara. As sessões duram cerca de uma hora e meia e, para surtir efeito, são necessárias o mínimo de 15, ao custo de R$ 400 cada. O hospital atende também por convênio. O tratamento é contra indicado a gestantes e pacientes em processo de quimioterapia.