A realidade da saúde do Brasil está em constante debate e sempre recebendo muitas críticas. As demandas são constantes e é necessária a permanente atualização do sistema, para que se possa dar conta do número de atendimentos e fazer isso de forma a garantir resultados eficientes e seguros. É sobre essa temática que estão sendo realizadas as atividades da 1ª Semana de Segurança do Paciente, que acontece até a próxima sexta-feira, 02/08, promovida pelo Hospital São Domingos.
A palestra de abertura do evento tratou sobre Qualidade em saúde e segurança do paciente, e foi feita pela Dra. Mara Machado, diretora executiva do instituto Qualisa de Gestão (IQG) e da Accreditation Canada no Brasil. A gestora é pós-graduada em Administração Hospitalar e em Auditoria em Saúde, além de ser co-autora dos Manuais Brasileiros de Acreditação de Instituições de Saúde da Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Segundo Mara Machado, a qualidade em saúde não é, apenas, um conjunto de ações, mas um processo longo de aprendizado que precisa estar no centro da rotina hospitalar. “O São Domingos está no caminho correto, de colocar as práticas dentro daquilo que se entende como segurança”, parabenizou a gestora.
Para ela, já se avançou bastante no campo da qualidade das discussões sobre atendimentos seguros, visto, em épocas anteriores, a preocupação fundamental era centrada na tecnologia e na qualificação dos profissionais, bem como no número de atendimentos. “Hoje se sabe que não se pode trabalhar apenas as questões técnicas, mas começar a entender a institucionalização do cuidado dentro desses sistemas e a partir daí se começar entender o impacto que os aspectos organizacionais e os processos gerenciais trazem para a pratica e ao resultado da assistência”, ressaltou.
A gestora destacou que, ao se trabalhar com qualidade em saúde, é fundamental que se entenda que isso está associado ao cuidado com o paciente e, sobretudo, com a garantia de bons resultados do atendimento médico. Neste ponto, Mara Machado enfatizou que a saúde trabalha com uma complexidade enorme, tanto no que se refere às pessoas envolvidas, quanto nos processos que precisam ser realizados e que tudo isso precisa ser considerado, pois tudo é fundamental para que se garantam os resultados esperados. “Antes isso era medido pelo número de atendimentos que se fazia. Atender 1000 pessoas na emergência e fazer 500 cirurgias era sinônimo de eficiência. Agora a qualidade passa a ser medida por meio de uma equação: é um total de saídas”, enfatizou.
Ao falar sobre a alta do paciente, Mara Machado coloca no núcleo da discussão um fator que muitos centros que são referências mundiais em saúde já implantaram, que é o do atendimento multidisciplinar e da medicina personalizada. A diretora hospitalar do São Domingos, Elizabeth Reis, esclarece que personalizar é fazer o diagnóstico correto do paciente considerando todas as especificidades individuais. “Isso é de extrema importância. As pessoas não são iguais, um indivíduo idoso com pneumonia não é semelhante a um jovem que apresenta os mesmos problemas e isso deve ser considerado quando se realiza o atendimento. No São Domingos já estamos muito avançados nesse processo, mas sabemos que ainda há passos importantes a serem dados”, explica.
Mara Machado reforça que personalizar um atendimento médico e gerar os resultados esperados na saúde requer muitas discussões sobre o que vem se fazendo e sobre o que deve ser feito. “A intervenção deixou de ser o valor principal do cuidado. A qualidade na saúde está diretamente relacionada ao resultado da produção dos serviços. Qualidade em saúde é complexa. O gestor da saúde tem como grande desafio articular todas as disciplinas sem fragmentar o paciente”, finalizou a gestora.