Saúde

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São Domingos realiza campanha para reduzir ruídos na UTI

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ESD
Equipe São Domingos - Equipe São Domingos Atualizado em 02/09/2013

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já reconheceu, e colocou em evidência, que o barulho causado por equipamentos médicos e conversas paralelas entre membros do corpo clínico podem ser danosos ao processo de recuperação de um paciente. Mesmo as conversas travadas entre a equipe médica, sobre os casos em tratamento, podem ser um incômodo aos doentes. Por essa razão, diversos especialistas tem feito pesquisas e desenvolvido ações, não apenas para minimizar o barulho, como para conscientizar sobre a importância do silêncio para parte do processo terapêutico. É isso que pretende o Time de Humanização da Unidade de Terapia Intensiva do São Domingos, com a campanha Seja um herói: use o poder de seu silêncio, que começou mês passado.

A ideia do projeto surgiu após uma pesquisa de satisfação realizada pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), dentro da UTI. Os dados revelaram que havia uma insatisfação com os ruídos causados dentro do ambiente hospitalar e que esses barulhos tinham por principal fonte a própria equipe multidisciplinar. “Isso acabava por prejudicar o sono e o descanso do paciente”, afirma a coordenadora de Enfermagem da Unidade, Cristiane Amorim. 

Segundo a psicóloga Jandira Moutinho, algumas atividades que ocorrem diariamente no ambiente hospitalar, já causam certo barulho e são inevitáveis, mas contribuem para altos índices de ruídos. “Monitores, bombas de infusão, respiradores mecânicos, máquinas de compressor pneumático, dentre outros elementos que fazem parte da realidade de uma UTI emitem sons que podem incomodar. Somando a isso os barulhos desnecessários de conversas da equipe, o índice de ruídos aumenta”, conta. 

Campanha - Frente aos resultados da pesquisa, e aos impactos negativos causados pelo barulho excessivo, o Time de Humanização desenvolveu estratégias para amenizar o problema. “A ideia é ajudar a construir um ambiente menos estressante para os pacientes, mas também para os familiares e para a própria equipe multidisciplinar”, ressalta Cristiane Amorim.

O projeto foi desenvolvido em parceria com o Departamento de Comunicação e Marketing e foi colocado em prática na segunda quinzena de agosto. Consiste na distribuição de peças publicitárias que servem como lembretes para a equipe da UTI. O ponto principal da campanha são os 30 minutos de silêncio, que conta com a participação de todos os profissionais da Unidade, ação que é coordenada pela equipe de Humanização. “É o projeto piloto, que está sendo desenvolvido, por enquanto, nos horários matutino e vespertino. Durante o período, o silêncio só pode ser rompido frente a intercorrências, ou seja, caso haja alguma urgência”, explica Cristiane Amorim. 

Jandira Moutinho diz que poderá ser utilizada, ainda, a tática das abordagens individuais. “Sempre que detectamos conversas que possam incomodar os pacientes procedemos com a estratégia de conversar com a pessoa ou o grupo e explicar a importância da campanha para o sucesso da terapia”, revela. 

Respaldo científico – A importância do silêncio para o processo de cura do paciente vem ganhando importância crescente no meio acadêmico, em virtude das constatações feitas in loco, ou seja, no ambiente hospitalar. Hoje se sabe, por exemplo, que não apenas os ruídos incomodam e prejudicam, mas que a permanência do barulho, bem como a intensidade, geram diferentes graus de prejuízo para o tratamento médico. 

Uma pesquisa publicada em março de 2001, na Revista Brasileira de Terapia Intensiva (volume 23, n.1), afirma que há um conjunto de fatores estressantes, cujo destaque é o ruído, que implicam no aumento da ansiedade e da percepção dolorosa, bem como pode acarretar na diminuição do sono, no aumento das frequências cardíaca e respiratória, alteração da pressão arterial, dentre outros. “Uma vez que os pacientes em UTIs já estão com a saúde mais debilitada tendem a ser afetados mais diretamente e o resultado pode ser o agravamento do quadro de saúde ou uma dificuldade no processo de cura. Por essa razão, ações que parecem simples, como o hábito de fazer silêncio, ganham um status de importância tão grande”, finaliza Cristiane Amorim.

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