SAÚDE - Apesar de ser um tumor que pode ser prevenido e facilmente detectado, o câncer de útero é um dos que mais acometem as mulheres no Brasil. Médicos do Hospital São Domingos alertam para a necessidade da consulta regular ao ginecologista e realização de exames preventivos e de retomada desse cuidado, deixado de lado por muitas mulheres devido à pandemia.
O útero pode ser acometido por três tipos de câncer: o de colo do útero, de endométrio e os sarcomas uterinos. Destes, o de colo de útero é o de maior incidência no País. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), só neste ano, 16 mil casos desse tipo de câncer devem ser registrados no Brasil.
De acordo com o oncologista clínico e coordenador da Oncologia do Hospital São Domingos, Dr. Klayton Ribeiro, com a pandemia, muitas mulheres deixaram de ir ao ginecologista e fazer seus exames preventivos (Papanicolao) e as meninas com idade a partir dos 9 anos de tomarem a vacina que previne do vírus HPV, principal fator de risco para o câncer de colo de útero.
“O câncer de colo de útero é facilmente detectável através do exame preventivo, mas que ainda tem alta incidência no Maranhão e no Brasil como um todo. Com a pandemia, muitas mulheres deixaram de fazer suas consultas regularmente, mas é importante que retomem a procura ao ginecologista e façam seus exames preventivos, pois o diagnóstico precoce de um câncer é essencial para o sucesso do tratamento”, afirma Dr. Klayton Ribeiro.
Fator de risco
O Cirurgião oncológico do HSD, Dr. Carlos Bulcão, informa que o principal fator de risco para o câncer de colo de útero é o HPV. “Mesmo sendo uma doença de alto teor de gravidade, pode ser prevenida e curada, se descoberta em estágio inicial. A prevenção consiste na prática de sexo seguro, com uso de preservativos, e exame preventivo de rotina para diagnosticar precocemente, alguma alteração no colo do útero. A gente sabe que quanto mais cedo o diagnóstico, as chances de sucesso no tratamento são maiores”, completa Dr. Bulcão.
Dr. Klayton afirma que durante o acompanhamento ginecológico, podem ser detectadas inflamações no colo do útero, as famosas NIC 1, 2 e 3, que devem ser tratadas para não evoluírem para câncer de colo de útero. A NIC 3 é um sinal de alerta para o câncer. “A detecção precoce depende da busca ativa da mulher durante a consulta ao ginecologista”, diz o médico.
Tratamento
Dr. Carlos Bulcão informa que o tratamento do câncer de colo de útero depende do estadiamento (processo para determinar a localização e extensão do tumor no corpo). “Quando tem estadiamento precoce, em estágio inicial, o tratamento é cirúrgico, podendo ser complementado com quimioterapia ou radioterapia. Em tumores mais avançados, inicialmente o tratamento são sessões de quimioterapia ou radioterapia”, afirma ele.
Endométrio
Outro tipo de câncer é o de endométrio, camada mais fina que reveste o útero. É mais comum em mulheres na menopausa. Segundo os médicos, sangramento vaginal é o principal fator de alerta e a obesidade é o principal fator de risco.
O diagnóstico é feito com um exame simples, a ultrassom transvaginal, por meio da qual, verifica-se a espessura do endométrio. “O endométrio deve ter até 5 milímetros. Quando a mulher chega à menopausa e o endométrio passa de 5 milímetros, precisa ser avaliada e também para a realização dos exames necessários, como a esteroscopia diagnóstica, e a realização da biópsia para verificarmos se se há lesão ou não”, explica Dr. Carlos Bulcão.
O tratamento é basicamente cirúrgico e consiste na retirada do útero, trompas e ovários. “Dependendo do estadiamento do tumor, precisamos retirar os linfonodos pélvicos e fazer biópsia na região do peritônio”, completa Dr. Bulcão.
O tratamento pode também ser complementado com quimioterapia ou radioterapia, dependendo da lesão e do grau de invasão.
A obesidade também é o principal fator de risco para esse tipo de câncer, que não tem prevenção, mas pode ser diagnosticado precocemente, com a realização da ultrassom transvaginal, que auxilia na verificação de alterações. “Por isso é importante que toda vez que a mulher for fazer o exame Papanicolau, faça também a ultrassom transvaginal”, alerta Dr; Klayton Ribeiro.
O principal alarme para o câncer de endométrio é o sangramento nas mulheres na menopausa e aumento do fluxo menstrual nas que ainda estão em idade reprodutiva.
Sarcomas uterinos
O terceiro tipo de câncer que atinge o útero são os sarcomas, que acometem a camada muscular do útero. São raros e seu tratamento é cirúrgico na maioria dos casos. Um fator preocupante é que não há exame de rastreamento, por isso, deve-se consultar o médico ao sentir qualquer destes sintomas: sensação de peso na pelve ou detectar uma massa palpável abaixo da região umbilical.