SÃO LUÍS - A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital São Domingos realizou nos dias 7 e 8 de outubro o I Simpósio de Prevenção e Controle de Infecção. Com profissionais de renome falando sobre temas importantes, o evento contou com a participação de enfermeiros formados, graduandos da área da saúde, equipes de enfermagem do HSD e profissionais de outras instituições.
Segundo a Enfermeira Magda Carvalho, o Simpósio foi criado com o objetivo de divulgar as atividades que são realizadas pelos controladores de infecção hospitalar do HSD. "A gente entende que quanto mais consciente as pessoas estiverem, melhor elas vão desenvolver essas ações com eficácia e isso sem dúvidas vai trazer um impacto positivo no que se refere a redução das taxas de infecção", disse.
Com o tema "Educação continuada e serviço de controle de infecção", a enfermeira Célia Pontes falou sobre o uso desse instrumento no ambiente hospitalar. "Uma das filosofias do trabalho dentro do serviço de educação continuada é a crença no valor da educação. Ela é uma ferramenta fundamental no crescimento e desenvolvimento das pessoas assim, também, como a qualidade", frisou.
Para ela, o Simpósio serve para agregar e disseminar conhecimento. "É a primeira vez que a gente faz um simpósio de infecção hospitalar e é esperado que as pessoas saiam cheias de informação e que a gente consiga ser um agente de transformação para isso".
A Dr.ª Gisele Boumann passou alguns conceitos de prevenção e sugestões de como diminuir as taxas de infecção durante sua palestra. Ela ressaltou, ainda, a iniciativa do HSD na realização do evento.
"Para nós que trabalhamos com infecção hospitalar é sempre muito gratificante ver a iniciativa de alguns hospitais, de alguns serviços em educar as pessoas sobre o controle de infecção hospitalar, porque sabemos que controle de infecção hospitalar quem faz não somos nós que trabalhamos na CCIH, é todo mundo que está na assistência. Então, é importante que a informação chegue de fato a quem de fato tem poder de diminuir as infecções".
O fonoaudiólogo Cleyton Amorim falou sobre a interação da fonoaudiologia com a infectologia. "O simpósio tem o cunho de mostrar a prevenção da pneumonia aspirativa, no caso da minha palestra, que é extremamente importante para reduzir custos, tempo de internação com o paciente e mostrar que o serviço e o tratamento têm sido eficaz e, também, a segurança do paciente que veio ao hospital para tratar uma doença e não adquirir uma pneumonia do tipo aspirativa. O fonoaudiólogo é um profissional indispensável na segurança do paciente e na qualidade da assistência", frisou.
Os participantes do evento ainda puderam assistir a uma aula prática sobre medidas preventivas nas áreas de ITU, IPCSL e PAV.
Débora Baldez, técnica de enfermagem do Hospital Socorrão I participou dos dois dias de simpósio. Ela ficou sabendo do evento através de sua coordenadora, que sorteou duas credenciais. Ela foi contemplada com uma e não deixou a oportunidade passar. "Está sendo muito bacana, muito produtivo. Foram muitas palestras com temas pontuais e o simpósio superou minhas expectativas", disse.
Aluna do 9º período de enfermagem, Simone Lima soube do evento através de uma professora. "Interessada no assunto, decidiu participar. Foram caracterizados alguns tópicos muito essenciais sobre infecção e para gente que está cursando enfermagem é muito importante, pois algumas coisas são novidade e é bom ficar bem esclarecido para podermos explorar e aprender um pouco mais".
Exposição de artigo
Durante todo Simpósio, foi exposto o artigo sobre a bactéria Elizabethkingia meningoseptica de autoria da infectologista, Dr.ª Rosângela Cipriano, em parceria com a enfermeira do controle de infecção do HSD, Martha Angélica Tavares.
Ao perceberem o surgimento de alguns casos no Estado, elas se interessaram em produzir o estudo. De 2013 a 2016 foram catalogados os dados , que mostraram um número expressivo de casos (13 casos durante os três anos).
"Traçamos um paralelo com outra bactéria, a pseudomonas aeruginosa, porque também faz parte do grupo das gram-negativa não fermentadoras, para ver se ela era tão complexa e causava tantos danos ao paciente como as demais bactérias. Na nossa conclusão, fizemos uma análise estatística pelo programa SS25.0, que mostrou que o risco de óbito entre os pacientes com infecção Elizabethkingia meningoseptica era cinco vezes maior do que os pacientes que tinham pseudomonas aeruginosa, embora ambos pertencessem ao mesmo grupo", explicou a enfermeira.
"Através desse trabalho a gente quer conscientizar, embora a gente já fale bastante sobre a higienização das mãos, sobre os cuidados assépticos e antissépticos que temos que ter no cuidado com paciente. É um trabalho que está iniciando, a gente ainda tem muita coisa para apurar, e por isso nós decidimos apresentar no nosso Simpósio para as pessoas terem consciência".
A priori o estudo foi exposto no Simpósio e brevemente será exibido na Plataforma Brasil, na Revista de Medicina e, possivelmente, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).