SÃO LUÍS - Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam que 175.760 novos casos de câncer de pele sejam diagnosticados em 2016, sendo 80.850 homens e 94.910 mulheres. Correspondendo a 30% de todos os tumores malignos registrados no país, é o tipo de câncer mais frequente no Brasil. Visando chamar a atenção da população para a prevenção da doença, foi lançado em 2014 o movimento Dezembro Laranja.
Segundo o dermatologista do Hospital São Domingos, Dr. Eduardo Lago, a principal causa do câncer de pele é a radiação ultravioleta que vem do sol. "Sempre nessas campanhas a gente procura fazer o trabalho de conscientização das pessoas para que desde a infância tenham o hábito de se proteger do sol, seja com vestimentas ou com o protetor solar. Elas devem, também, procurar realizar atividades ao ar livre em horários onde o sol não seja tão forte, porque quanto mais perto do meio-dia maior a incidência de radiação ultravioleta e isso vai fazendo algumas transformações na pele", explica.
O especialista afirma que existem mais de 100 tipos de câncer de pele. "Se for listar os tipos de câncer, dar nome e sobrenome para eles, vamos encontrar mais de 100 tipos. Existe câncer da epiderme, cânceres de glândula de suor, dentre outros. As formas e as diferentes estruturas da pele, além do tempo de exposição ao sol, é o que vai determinar o tipo da doença. É possível encontrar diversas formas: uns com maior grau de agressividade e outros com menor grau".
Quanto mais tempo a pele for exposta ao sol, mais chance o paciente tem de desenvolver a doença. Pessoas de pele clara e que passam muito expostas ao sol são mais suscetíveis a ter o câncer. Se ao longo da vida uma pessoa pegou sol em excesso e sem proteção, aos 50 ou 60 anos ela já acumulou muitos danos na pele. "Às vezes são pessoas que ainda não manifestaram o câncer de pele, mas que já tem lesões pré-cancerosas. Pessoas que não se expõem ao sol hoje em dia, mas que costumava pegar muito sol, o efeito acumulativo da radiação ultravioleta vai passar o resto da vida dessa pessoa fazendo surgir novas lesões", destaca.
Lago recomenda que esses pacientes procurem um acompanhamento com o dermatologista para tratar as lesões pré-cancerosas para que não deixe, de preferência, se transformar em um câncer de pele. "Se porventura aparecer um câncer de pele, a gente realiza a cirurgia o mais breve possível. Quanto mais rápido a gente realiza, menor a chance de ir para outras áreas do corpo causando metástase e trazendo risco de vida", diz.
Autoexame
O autoexame é bastante estimulado pelos dermatologistas, assim como fazem no Outubro Rosa, que orienta as mulheres a estarem se apalpando para se verificar algum nódulo. "Estimulamos que as pessoas se olhem no espelho e que se aparecer um sinal um pouco diferente que foge do padrão dos demais em termos de contorno, coloração, bordas regulares ou não, se são feridinhas que fogem de uma normalidade, o paciente deve passar por avaliação", ressalta.
Sinais e sintomas
O principal sinal de desenvolvimento do câncer é o surgimento de manchas irregulares que apresentam uma mistura de coloração, que varia do castanho ao preto enegrecido; manchas que crescem muito rapidamente, feridas que não cicatrizam e lesões com bordas elevadas.
O médico afirma, ainda, que em alguns casos da doença não são detectados sintomas. Às vezes o paciente não sente nada, não sente dor, não sente coceiras, só nota aquela lesão e fica tirando aquela casquinha o tempo todo. A gente só nota a presença dessa lesão um pouquinho diferente.
As partes do corpo com mais exposição ao sol são as mais vulneráveis para o desenvolvimento do câncer, a exemplo de rosto, colo e braços. "Nos homens a gente opera muito câncer na orelha. Às vezes as pessoas até se preocupam em estar passando o protetor solar no rosto e no colo, mas esquecem de passar na orelha. A gente orienta muito os homens em relação a região do couro cabeludo. Aqueles que têm tendência a calvície acabam esquecendo de passar o protetor ou usar um chapéu/boné. Então a gente nota muitas lesões pré-cancerosas ou já de câncer de pele no couro cabeludo dessas pessoas com calvície".
Prevenção
O dermatologista aconselha que as pessoas se protejam usando filtro solar, chapéu, boné e ter cuidado com a exposição ao sol e aos horários certos para isso.
"Aqui em São Luís, até umas 7h30 da manhã a gente tem um sol que ainda não é tão intenso e depois das 16h ou 16h30 também fica mais brando, que é bom para realizar atividades. Então a gente pede: passe o protetor labial e o filtro solar quando for fazer alguma atividade ao ar livre", recomenda.