Saúde

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Crianças que brincam com smartphones e tablets dormem menos, sugere pesquisa

Especialistas afirmam que o estudo é conveniente, mas que não há razões para os pais se preocuparem com as descobertas.
ESD
Equipe São Domingos - Equipe São Domingos Atualizado em 27/04/2017

SÃO LUÍS - Aparelhos eletrônicos podem ser um grande vilão do sono das crianças. É o que sugere um estudo publicado na Scientific Reports, site da revista científica Nature. A pesquisa indica que a cada hora que crianças, na faixa etária de seis meses a três anos, passam utilizando smartphones e tablets, pode estar relacionada a 15 minutos a menos de sono.

Ao mesmo tempo, a pesquisa revelou ainda que brincar com esse tipo de tecnologia ajuda as crianças a desenvolverem habilidades motoras mais rapidamente.

Especialistas afirmam que o estudo é conveniente, mas que não há razões para os pais se preocuparem com as descobertas das pesquisa. Apesar do aumento do uso de smartphones nas casas, ainda falta assimilar o real impacto desses aparelhos no desenvolvimento da chamada primeira infância.

Realizado pela Birkbeck, instituição que faz parte da Universidade de Londres, o estudo foi feito com 715 pais de crianças com até três anos de idade. Questionou-se a frequência com a qual os pequenos brincavam com smartphones e tablets, além de detalhes sobre o padrão de sono das crianças.

Chegou-se a conclusão de que 75% das crianças usavam aparelhos eletrônicos diariamente. Essa porcentagem abrange 51%  das crianças de seis e 11 meses; e 97% das crianças de 25 a 36 meses de idade.

Percebeu-se que as crianças que brincam com os smartphones e tablets dormem menos à noite e mais durante o dia. E, de forma geral, contabilizam 15 minutos a menos de sono para cada hora que passam brincando com os aparelhos.

Tim Smith, um dos responsáveis pela pelo estudo, explica que o tempo de sono perdido não é muito quando se dorme de 10 a 12 horas por dia. "Mas cada minuto importa no desenvolvimento infantil por causa dos benefícios do sono", afirma.

As descobertas do estudo não são definitivas, mas o pesquisador afirma que a pesquisa indica que o uso do smartphone pode estar associado a problemas do sono.

Entretanto, o estudo também mostrou que crianças que usam ativamente os aparelhos   (arrastando elementos, em vez de apenas assistir a imagens) aceleraram o desenvolvimento de habilidades motoras.

Crianças devem ou não brincar com aparelhos eletrônicos?

Afinal, os pequenos devem ou não brincar com aparelhos eletrônicos interativos?

"É muito complicado responder isso agora. A ciência ainda está imatura, estamos realmente atrasados em relação à tecnologia e é muito cedo para fazer afirmações definitivas", ressalta Smith.

Segundo Tim, no momento, a melhor aposta é seguir as mesmas orientações usadas para estabelecer o tempo máximo que as crianças devem passar em frente à televisão. Sendo assim, os pais devem impor limites para o uso de smartphones e tablets, sempre assegurando que o conteúdo seja adequado à idade e evitando que o uso seja feito antes da hora de dormir.

O especialista recomenda ainda que as crianças sejam constantemente estimuladas a praticar atividades físicas.  

"Como é o primeiro estudo a investigar as associações entre o sono e o uso de telas de toque na infância, trata-se de uma pesquisa oportuna", afirma Anna Joyce, pesquisadora de desenvolvimento cognitivo da Universidade de Coventry, na Inglaterra.

"Com base nesses achados e no que sabemos por meio de outros estudos, talvez valha a pena limitar o uso de telas de toque ou o uso de outros aparelhos eletrônicos nas horas anteriores ao momento que a criança vai para a cama dormir", completa Joyce.

Para ela, "até que se saiba como as telas de toque afetam o sono, esses aparelhos não deveriam ser banidos por completo".

Kevin McConway, professor da Open University, prefere encarar os resultados do estudo com desconfiança. "Eu não perderia o sono por conta desses resultados se eu ainda tivesse bebês. As crianças dessa pesquisa usavam telas de toque por 25 minutos por dia e por isso dormiriam seis minutos a menos", avalia.

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