O Clube de Revista do Programa de Especialização em Medicina Intensiva (PEMI) do Hospital São Domingos desta terça-feira,8 de outubro, teve como tema o estudo intitulado “Targeted Temperature Management for Cardiac Arrest with Nonshockable Rhythm” cujos resultados foram apresentados pelo médico residente Dr. Luís Eduardo Tupinambá. Participaram do encontro semanal, médicos e enfermeiros intensivistas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Após o detalhamento do estudo por Dr. Luís Eduardo Tupinambá, o coordenador do PEMI, Dr. Rodrigo Azevedo, fez as considerações e questionamentos. Outros médicos também fizeram perguntas sobre o trabalho científico.
De acordo com o médico intensivista Dr. Filipe Amado, o estudo, realizado por um grupo francês, foi apresentado no Congresso Europeu de Medicina Intensiva em 2 de outubro de 2019, no qual médicos do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital São Domingos marcaram presença, e publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine.
Trata-se de estudo com impacto no manejo dos pacientes em coma após parada cardíaca por ritmo não-chocável. Dr. Luís Tupinambá explicou que o estudo mostrou que o uso do controle direcionado de temperatura a 33 graus foi associado a melhor desfecho neurológico nos pacientes sobreviventes pós-parada cardíaca, quando comparado a mantê-los em normotermia (37 graus).
O controle direcionado de temperatura, já amplamente estudado, é indicado por várias sociedades médicas nos pacientes comatosos pós-parada cardíaca, sendo a única intervenção comprovadamente eficaz na melhora dos desfechos neurológicos desses pacientes.
O Serviço de Medicina Intensiva do Hospital São Domingos há cinco anos conta com protocolo específico para controle direcionado de temperatura, oferecendo a esses pacientes em situação de extrema gravidade recurso primordial para melhor recuperação neurológica.
Temperatura
O resultado principal desse estudo foi encontrar um valor alvo de temperatura, no qual podemos atingir o melhor benefício para esses pacientes a nível neurológico. Até então, um valor alvo específico de temperatura ainda não havia sido estatisticamente comprovado com o impacto atual. Além disso, o estudo avalia uma população de pacientes que sofreram parada por ritmos não-chocáveis, sendo um tipo de parada frequente no ambiente de terapia intensivo. Até então, os dados utilizados para essa população eram extrapolados de estudos realizados em pacientes com parada cardíaca por ritmos chocáveis, mais comumente encontrados em pacientes fora do ambiente hospitalar.
O Serviço de Medicina Intensiva do Hospital São Domingos, acompanhando as mais atualizadas evidências científicas, promoverá revisão do seu protocolo atual, entregando aos pacientes os melhores recursos, à luz das mais atualizadas evidências.
Confira o estudo no link: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1906661?query=featured_home